Em depoimento ao Conselho de Ética, ex-superministro rebate acusações com segurança
Da transmissão da TV Câmara
O ex-superministro da Casa Civil e agora apenas-deputado Zé Disseu (Petê-SP) saiu-se bem demais em seu depoimento ontem ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, rebatendo com firmeza todas as acusações de que seria o idealizador do suposto esquema do mensalão.
Disseu não titubeou quando o relator do processo, deputado Blairo Cordeiro (Pefelê-BA), lhe perguntou com qual colega da Casa ele se identificava diante de tantas denúncias contra sua probidade. “Sou Inocêncio”, cravou Disseu. Houve algum burburinho no auditório, mas o ex-superministro deu uma risadinha e ficou por isso mesmo.
“Não sou, nunca fui, não serei nem haveria de ser chefe de uma rede de pagamento de mesada a deputados. Se tivesse feito isso, como olharia nos olhos desses militantes teimosos que ainda acreditam na gente? Tenho 40 anos de vida pública”, declarou.
Os deputados aguardavam com ansiedade o duelo com Michael Jeffersson (Petebê-RJ), que fez questão de sentar na primeira fila para ler a Bolha de S. Paulo enquanto Disseu expunha suas explanações. Quando lhe foi dada a palavra, Jeffersson elogiou o uso impecável do vernáculo por parte de seu oponente.
“Está afiado no português, humilde apenas-deputado. Conjugou o verbo “repelir”, que tanto lhe apetece, dentro das normas observantes da língua. Mas por que o fez?”, indagou Jeffersson.
“Fi-lo porque qui-lo”, respondeu Disseu, parafraseando o folclórico político da vassourinha. E emendou: “Repilo todas as suas acusações. Compilo toda a minha indignação em duas palavras: ‘Estou estarrecido’. Expilo minha indignação e me impilo a dizer que o senhor não tem credibilidade”.
O apenas-deputado petista ainda foi bem-humorado e conseguiu desmontar a impávida face de seriedade do deputado Jeffersson. “O senhor falou de minha arrogância. Nunca fui arrogante como superministro”, disse. A platéia veio abaixo e pediu bis.
Disseu ficou irritado: “Vocês tenham respeito comigo. Lutei contra a ditadura, fui o segundo mais votado do País para deputado federal, praticamente elegi o Lulla, prendia e soltava lá na Casa Civil. Sempre fui um modesto personagem histórico na construção da democracia brasileira!”.
Depois que Jeffersson se retirou, quase todos os outros colegas de Câmara se desmotivaram com o fim do encontro e partiram de jatinho para fazer articulações em seus estados.
Também em Brasília, o presidente Lulla assistiu, na Granja do Gordo, ao primeiro tempo do depoimento. Prevendo falta de emoção na segunda etapa, decidiu ir a mais um evento da agenda positiva com camadas populares.
“Se vocês da imprensa cobrissem só meus discursos de inauguração de centro da juventude, de programa de assistência a taxistas, essas iniciativas que contribuem para o desenvolvimento sustentável do País, estou convencido de que o depoimento do companheiro Zé não chamaria tanto a atenção”, criticou o presidente.
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