quinta-feira, 4 de agosto de 2005

EXCLUSIVO - Escândalo na USP

PP dava mesada de R$ 300 a “baixo clero” do CO, diz Mandão

Do diz-que-diz na Rua da Reitoria

O esquema de pagamento à base aliada não parece estar restrito aos círculos políticos de Brasília, conforme apurou, com exclusividade, a repórter Julinha Botelho, de A Primeira Vítima.

O Partido dos Professores (PP) dava uma mesada de R$ 300 a alguns representantes do Partido Discente (PD) e do Partido dos Museus e Institutos Especializados (PMI) — o chamado “baixo clero” — para garantir apoio em votações no Conselho Universitário (CO ou CU, como preferir) da Universidade de São Paulo (USP), denuncia Clecionor Mandão, um dos diretores do Sindicato dos Trabalhador da UP (Sintup) e presidente do Partido dos Funcionários (PF).

“O pagamento é chamado de ‘minimão’ e se trata de assunto corrente nas conversas de canto de parede no CO. Falei sobre o caso a três dos quatro pró-reitores e ao reitor Aroldho Delffi. Quem entregava o dinheiro aos líderes era o Pecúnio [Pecúnio Colares, tesoureiro do PP]”, revelou Mandão.

Segundo Mandão, o que o motivou a desnudar o esquema do minimão no CO foi a pressão exercida pelos presidentes do PD, Adolfo Bianna, e do PMI, Lelê Porto Antônio Lopes, para que o Partido dos Funcionários (PF) também aceitasse a mesada repassada por Pecúnio.

“Eles falavam: ‘Você tem que entrar no esquema, Mandão. Quer dar de gostoso, de bonitão? Quer parecer melhor que a gente?’”, disse o presidente do PF.

Mandão afirmou que jamais aceitou a cooptação do PP e reuniu a bancada de seu partido para discutir a questão. “Todos foram unânimes em rejeitar o minimão. Tenho 23 anos de atuação no CO e não sei quantos (diz ter perdido a conta) na direção do Sintup. Nunca tinha visto isso”, completou.

Em janeiro deste ano, Mandão assegura que informou o reitor Delffi sobre o esquema e que a imagem do reitor já estava arranhada.

“Quando terminei de falar, ele deu um murro na mesa e começou a rir da minha cara, mas no fundo eu sei que ele acreditou no meu relato. Ele só quis transmitir descontração. Depois que o reitor tomou conhecimento, parece que a fonte do minimão secou”.

Para Mandão, a pauta de votações está parada porque os representantes do CO ligados ao PD e ao PMI ficaram indignados com o fim do esquema. E ainda estariam cobrando uma suposta promessa feita por Delffi de que iria dobrar o minimão até o final do seu mandato, o que parece pouco provável.

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