![]() |
Clique na imagem para ver a prova da fraude de forma ampliada |
DA OFICINA MECÂNICA
O governador de São Paulo, Gerardo Aidemim, terá de responder na Justiça acusação gravíssima de adulterar pesquisa. Munido do mais puro jornalismo investigativo e dando sequência à série de reportagens-denúncia, A Primeira Vítima descobriu a fraude no site do próprio governo. Trata-se de pesquisa sobre nível de satisfação no atendimento em um posto do Mudetran numa estação de metro paulista.
Veiculada na página oficial do governador, a matéria – bem
apurada e, sobretudo, com uma escrita impecável, temos a humildade de admitir –
traz o título: “Posto do Detran.SP na estação Marechal Deodoro do
Metrô tem 99% de aprovação dos usuários”. Não acredita? Dá uma clicadinha aqui
e veja com seus próprios olhos a íntegra da patifaria. As imagens são fortes.
Após cumprir seu dever de bem informar a população nas
primeiras linhas do texto com data de 19 de janeiro, o que vem em seguir é esse
disparate: “Destaque também para a aprovação do público: desde que o posto
começou a funcionar, em 26 de dezembro de 2013, 99% dos cidadãos usuários, em
média, consideraram o atendimento ótimo ou bom.”
Constrangimento
“Em primeiro lugar, o texto não cita a fonte do
levantamento. Fomos contratos, fizemos o trabalho, recebemos direitinho o
combinado que, quando é assim, não sai caro, mas não contávamos com a
adulteração. Estão usando a nossa credibilidade de forma baixa. Vamos às
últimas consequências para provar que modificaram o nosso trabalho”, desabafou o
presidente do Instituto Vítima Datada, Mario Paulada Mor Horelhãns. Ele disse
que acionará o Respeitável Ministério Público na quinta-feira (19).
A Primeira teve acesso à pesquisa original. Nela se vê
claramente que o nível de aprovação é de 110%, com dois pontos percentuais para
mais ou para menos. A reportagem entrou em contato com o governador, que
empurrou para o vice, que passou o assunto para o secretário de Comunicação,
que informou que o chefe de seu gabinete saberia indicar com quem estavam os
detalhes e poderia falar com propriedade. Destacou-se, então, o office-boy.
“É o seguinte, a gente recebeu a pesquisa e ficou
constrangido de dar 110% de aprovação. Pensamos no 108% [dentro da margem de
erro], mas ainda assim ficamos muito encabulados. Daí eu dei a ideia de colocar
99%. O pessoal achou legal. E pronto.” explicou o jovem, com uma convicção de
se assustar, o que dirimiu todas as dúvidas do repórter.
Nenhum comentário:
Postar um comentário