sábado, 1 de outubro de 2005

Especial: Jornalistas d’A Primeira Vítima prestam consultoria a envolvidos em corrupção

Série especial de reportagens revela como depoentes contrataram serviços e emitiram recibos para profissionais do noticioso

Por Olvídio Mor Horelhãns

Após quatro dias de investigações, a Polícia Faz-Geral (PF-G) já tem como provar o envolvimento de repórteres d’A Primeira Vítima com suspeitos de envolvimento em casos de corrupção. Trata-se do maior esquema de consultoria já visto no Brasil. Jornalistas deste noticioso receberam grandes somas de dinheiro para auxiliarem aqueles que iam depor, seja na própria PF-G, seja nas CPIs.

O sistema funcionava (?) da seguinte maneira. O camarada se via numa situação difícil e telefonava para um dos profissionais de A Primeira pedindo socorro, termo técnico que significa “consultoria”. Um desses foi José Adalberto Topeira, então assessor de José Podre Guimarães, então deputado estadual líder do Partido dus Truta (PTt) na Assembléia Legislativa do Ceará e irmão do então presidente nacional do PTt, José Gentefina. Topeira ficou conhecido como “o cara da cueca”, por guardar US$ 100 mil na poupança, li-te-ral-men-te.

O assessor foi preso no aeroporto de Congonhas, na capital paulista, quando tentava embarcar para a terrinha no último dia 8 de julho. Além do cofrinho personalizado, o rapaz portava uma mala com um mimo de R$ 200 mil. Não deu outra, a PF-G, na hora de dar a geral, descobriu o famigerado recurso de Topeira. Desesperado, ligou para Oscar Alho, repórter d’A Primeira.

A Pf-G cedeu com exclusividade à Primeira os diálogos que seguem. Nem o César Tralha teve acesso. Tolinho. As escutas foram feitas com autorização judicial. Retomando: Alho atendeu prontamente. Topeira descreveu o ocorrido, minutos antes de prestar depoimento e queria adquirir uma solução, termo técnico que popularmente significa “desculpa esfarrapada”.

“Cara, deu mó pepino”, dissera Topeira. Então, Oscar Alho respondeu: “A saída é simples, porém, cê tem que fazer aquele depósito esperto na minha conta”. “Tudo bem, o Podre (patrão do então assessor) faz.” “Beleza. Seguinte, dezenove não é vinte, certo?” (Independentemente do tamanho da cagada, Alho sempre conserva o espírito brincalhão.) “Certo”, respondeu Topeira, sem entender muito bem a brincadeira. “Então, você diz que a grana é o resultado da venda de verduras no Ceagesp, entendeu?.” “Entendi.” E não é que o cara disse isso mesmo. E ainda passou a Oscar Alho um recibo de serviços prestados: o recibo de otário, dedutível no Imposto de Renda, pessoa física.

Curiosamente, dias depois desse fato, o repórter trocou de carro, comprou mais outros quatro (três importados), adquiriu cinco imóveis, dois deles na praia. E ainda foi à Europa fazer um tour com a esposa e os seus quatorze filhos. A série “Jornalistas d’A Primeira Vítima prestam consultoria a envolvidos em corrupção” continua na próxima semana porque a gente não é bobo de publicar todas d’uma vez.

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