quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Série profissões: assessor legislativo

Repare bem, neste domingo, naqueles papagaios de pirata

DO ENVIADO ESPECIAL À REPÚBLICA AUTÔNOMA DO BURITIS

"De um lado, a legitimidade intocável dos representantes do povo. Do outro lado, a lei."

Assim define seu trabalho um assessor legislativo que, como a maior parte das fontes d'A Primeira Vítima, preferiu não se identificar.

Neste domingo, o Brasil vai ser invadido por imagens da eleição para a sua casa do povo. Mas nós, do lado de cá, queremos é revelar para você, leitor, quem são aqueles carinhas que ficam carregando pastas ao lado dos deputados. Às vezes, dando a letra do que eles têm que falar.

Os salários são bons, gordos mesmo. Despertam invejas nos outros poderes. As instalações contam com barbearia, lanchonete (que vende "à prazo"), correios, gasolina na vasca. As impressoras são fartas; os escritórios, meio quentes e barulhentos (Nyemeyer não acertava sempre...). As férias são vastas. O horário de trabalho, irregular.

"Mesmo assim, escreve aí, o dia-a-dia é de lascar. Já pensou tu ter que explicar pro Tiririca o que é a Desvinculação das Receitas da União?", comenta um dos expoentes da carreira.

A entrada pode ser por concurso ou por pistolão. "O bom do concurso é a independência. O bom do pistolão é a dependência", resume o diretor do sindicato.

Para os interessados, o Mestrado do Instituto Federal de Upgrade em Direito Institucional (MIFUDI) é considerado a melhor forma de preparação. A outra é frequentar festas e ficar devendo favor pra bastante gente.

As principais habilidades exigidas são: ser discreto, bem apessoado, e saber dar nó na gravata dos outros.

O candidato teve ter: retrato do Ulisses; título de sócio em algum clube; e cópia da Constituição toda amarfanhada e rabiscada.

As inscrições devem ser feitas pessoalmente. De preferência à tinta, com tatuador.



Um comentário:

Dhomini disse...

É uma boa carreira!!!!