quarta-feira, 19 de outubro de 2005

Deputado fujão contratou serviços profissionais de repórter de A Primeira Vítima

Na segunda reportagem da série, grampos telefônicos revelam ação profissional de jornalista do noticioso

Olvídio Mor Horelhãns

O ex-deputado e atual fujão Paulo Brocha, do Partido dos Truta (PTt), manteve apenas relações profissionais com a jornalista Julinha Botelho, repórter de A Primeira Vítima. (O lide interessa, sobretudo, a mim.) Ela é a autora, segundo grampos e pentes realizados pela Polícia Faz-Geral (PFG) de consultoria ao parlamentar.

As gravações demonstram como a Ju conseguiu dar o maior perdido em Brocha. A CPI dos Correios divulgou uma lista em julho em que a assessora do atual fujão, Cabrita Leopadia, sacara R$ 470 mil das contas de Calvus Valério numa agência do Banco Uai em um shopping em Brasília. Brocha ligou imediatamente à repórter deste noticioso:

– Julinha Botelho?
– Sim, quem é?
– Sou eu, o Brocha?
– Qual deles?
– O do PTt?
– Mas tem tantos...
– Sou o líder do governo na...
– Que governo?
– Deixa pra lá.
– Pois não?
– Minha assessora meteu a mão onde não devia.
– Mas o senhor não é o Brocha?
– Sou, mas isso não importa agora. A casa caiu. Ela sacou uma graninha e o pessoal descobriu.
– Ah.
– Preciso de seus serviços de consultoria para saber como me safo dessa.
– Simples.
– Diga.
– Já fez aquele depósito esperto? (é a senha para o recebimento do mimo)
– Tô sem nenhum.
– Tira da grana que a sua assessora sacou, sacou? (A Ju também adora um trocadilho)
– Saquei, ou melhor, entendi.
– Sua assessora tem o que na cabeça pra fazer uma merda dessas?
– Tem... merda!
– Então, diz pra esses manés que ela foi ao neurologista, que fica, por coincidência, no mesmo local onde há apenas uma única agência do [Banco] Uai. Era apenas uma consulta de rotina.
– Ótima idéia!!!!

O então deputado reconheceu posteriormente ter conhecimento do saque de R$ 300 mil, dinheiro destinado ao pagamento da Ju. A desculpa não colou. Porém, assim como José Adalberto Topeira, o “cara da cueca”, Brocha insistiu em passar um recibo de serviços prestados: o recibo de otário, dedutível no Imposto de Renda, pessoa física. A PF-G considera o documento prova definitiva do envolvimento de profissionais de A Primeira em consultorias a pilantras de plantão.

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