A Primeira Vítima tem acesso com exclusividade à integra da defesa
Por Olvídio Mor Horelhãns
DO CARTÓRIO DE NOTAS
Atender a base, fomentar a cultura nacional e melhorar o nível da comunicação no país. Eis os três pilares da defesa do deputado Edmais Bobeira (ex-Demô e atualmente sem partido, mas com lenço e documentos para provar definitivamente sua inocência). A Primeira Vítima teve acesso com exclusividade à íntegra da defesa.
A Corregedoria da Câmara dos Despudorados notificou Bobeira na terça-feira para prestar esclarecimentos. Ele esteve ausente por quase um mês. Os documentos serão apresentados ainda essa semana ao órgão. Se os argumentos forem aceitos, Edmais mantém o cargo. Caso contrário, tchau.
“A argumentação é simples. É público e notório que os parlamentares estão encastelados em Brasília. Ninguém mais toma conhecimento do que acontece no Brasil. Já o Bobeira, que não é bobo nem nada, decidiu construir um castelo na sua base justamente para melhor atender seus eleitores. Não há nada de errado nisso”, explica o advogado do deputado, Papus Furado, do escritório Enrolamos como Podemos & Associados.
Com relação ao fomento à cultura, o Furado diz que as dependências do estabelecimento seriam utilizadas por uma emissora educativa para produzir um seriado de grande sucesso. “Não íamos cobrar nada por isso. A satisfação é nossa em receber artistas no local.” A Primeira Vítima apurou que o pessoal do Castelo Ra-Tim-Bum não tem nada a ver com isso.
Por fim, a defesa alega que o deputado iria oferecer o castelo às mais variadas revistas de celebridades. “O objetivo era ampliar o leque de opções para produções de material jornalístico com famosos em um ambiente original”, conta Furado. “Uma revista com a maior Caras de Pau fez uma excelente oferta. Estamos estudando ainda.”
Cortina
Já no finalzinho da entrevista com o advogado de Bobeira, o nobre deputado saiu detrás das cortinas do escritório para dar uma palavrinha à Primeira Vítima. “Sou fã de vocês. Não poderia deixar de prestigiar”, diz, visivelmente emocionado.
“Anota aí: como sou o único parlamentar que já atendeu totalmente a base, resolvi vender o castelo, oras, bolas. É o mínimo que um político correto deve fazer. Detesto clientelismo. Anotou? Ok. Ah, e tem mais: sou inocente e não vou perder o meu mandato.”
Um assessor, que ganhara milhares de fio de cabelos brancos em poucas semanas e que acompanhava o parlamentar atrás das cortinas, sorri e faz sinal de positivo para o patrão.
Bobeira se empolga. “Não me deixem só.” O assessor bate com a mão na cara e sinaliza que a entrevista deve ser encerrada imediatamente, o que a reportagem entende e acata prontamente. “Porra, ele tava indo tão bem. E manda uma dessa. Eu já orientei que essa não pega bem, mas ele insiste.”
O castelo
A vida de Edmais Bobeira ficou de pernas para o ar após eleger-se decentemente segundo-vice-presidente da Câmara dos Despudorados. De brinde, também recebeu o cargo de corregedor da Casa. Ele, então, seria o responsável por zelar pela ética, a moral e os bons costumes de seus pares.
Porém, uma singela denúncia fodeu tudo. Bobeira colocara à venda um castelo com torres de até oito andares e 36 suítes pela bagatela de R$ 25 milhões. Com traços europeus, a construção está localizada São João Nepomuceno, no interior de Minas Gerais, base eleitoral do ainda deputado. A mancada é que ele declarou à Justiça Eleitoral possuir apenas uma casa e um terreno avaliados em R$ 17,5 mil.
Posteriormente, a galera ficou sabendo ainda que ele também responde por fraudes e mais fraudes contra o INSS.
Em 2007, o Ministério do Respeitável Público Federal ofereceu denúncia (acusou formalmente), na moral, o deputado por apropriação ilegal contribuições ao INSS feitas por seus empregados em uma empresa de vigilância. A mesma empresa ainda não pagou um empréstimo de R$ 1,9 milhão ao Banco do Brasil Brasileiro.
A reportagem acha que ele nega os crimes. Acha.
Os primeiros da Primeira
sexta-feira, 6 de março de 2009
Exclusivo: A defesa do deputado do castelo
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