DO BAILE DO VERMELHO E PRETO
Os políticos brasileiros, sempre muito preocupados em preservar as tradições culturais de seu país, parecem ter uma criatividade sem fim. Num rompante de genialidade, decretaram o Carnaval de 10 dias. Tanto despudorados como sonadores só deverão retornar ao trabalho no próximo dia 12 de março.
A Primeira Vítima já havia antecipado essa tendência ao tratar do caso da “Serpentina Metálica”, em Baderna do Sul (MG). Na ocasião, o presidente do Sonado, José Barney, do Partido da Mordomia Distributiva Brasileira (PMDiB), admitiu que seus colegas embarcariam em massa para os estados de origem, propagando a eletrizante novidade surgida no pré-carnaval mineiro.
A medida foi recebida com muita serpentina no Confete Nacional, mas infelizmente neste caso não foi usado o mesmo material de Minas Gerais. José Barney aliviou geral, dispensando os sonadores já na quarta, 2 de março.
Mesmo sabendo que os sonadores são como carros alegóricos – que vivem dos penduricalhos – Barney garantiu que não serão descontados os dias parados. "O Carnaval no Brasil é uma tradição. Nunca ninguém resiste a esse desejo de participar", afirmou José Barney.
Contagem regressiva
Nesta quinta, 3 de março, a reportagem contou pouco mais de 10 sonadores presentes ao trabalho, que logo se evadiram, antes mesmo que fosse possível retirar os sapatos e as meias para continuar somando. Ao todo, são 81 sonadores eleitos.
Um pouco diferente, na Câmara, formou-se uma longa fila pela manhã, quando 188 despudorados compareceram para registrar o ponto e logo em seguida partir de malas prontas para a folia. Ali, há 513 despudorados eleitos.
Lideranças
Os Confetistas não precisarão se preocupar com o trânsito das estradas na volta do feriado, pois as sessões da quinta e da sexta-feira após o Carnaval estão reservadas exclusivamente para discursos, e não haverá votação. Quem não puder comparecer para contar suas proezas carnavalescas também não terá um centavo descontado ao final do mês.
O líder do Partido do Trampolim (PTr), Umberto Gosta, passou o dia preocupado em não perder o voo para o Recife, ansioso por curtir um frevo rasgado. Já o líder do governo na Câmara dos Dispudorados, Cânlido Calabrezza (PTr-SP), alegou estafa como justificativa para o recesso de 10 dias.
“Em nenhum parlamento do mundo há trabalho em feriado. Acabamos de votar umas medidas provisórias, o pessoal está merecendo umas Brahmas”, decretou Calabrezza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário