terça-feira, 22 de novembro de 2005

Presos jornalistas d’A Primeira Vítima

A Polícia Faz-Geral destacou 3.588 agentes para a operação "É nóis na fita"

Por Olvídio Mor Horelhãns

Numa ação cinematográfica, a Polícia Faz-Geral (PF-G) prendeu dois jornalistas de A Primeira Vítima claramente envolvidos em corrupção. Os meliantes são Julinha Botelho e Oscar Alho, repórteres do consagrado noticioso, denunciados em série especial de matérias veiculadas nesse espaço no mês de outubro. A primeira foi no dia 1º e a segunda, dia 19.

As investigações começaram após a PF-G interceptar ligações telefônicas entre os jornalistas e seus clientes. Trata-se do maior esquema de consultoria já visto no Brasil. Botelho e Alho recebiam grandes somas de dinheiro (grandes mesmo) para auxiliar depoentes na própria PF-G ou nas CPIs. “Conseguimos capturar os recibos emitidos pelos contratantes”, disse o delegado da PF-G Romeu Mor Horelhãns, responsável pela operação "É nóis na fita", batizada assim devido à forte inserção da instituição na mídia.

No momento da prisão, Alho estava comendo um churrasquinho grego (sua fraqueza) no centro de São Paulo. Ao perceber a movimentação policial, iniciou a fuga. Deu dois passos e caiu, no meio fio, morto de cansaço (eu avisei que o sedentarismo iria acabar com você).

O repórter ainda tentou se disfarçar de calçada, decorada com uma lata de lixo. Não foi feliz. Os agentes da PF-G conseguiram identificá-lo depois jogar uma ponta de cigarro no recipiente, num claro gesto de educação. Nesse momento Osca Alho disse educadamente: “Obrigado, mas eu não fumo”.

Julinha Botelho foi presa em seu apartamento, no Morumbi, zona sul de São Paulo. Ela estava dormindo e disse que só se entregaria após refazer o penteado. Os agentes esperaram por quase duas horas. A Ju, impecável num vestidinho francês rosa, ainda teve tempo de malhar, ler os jornais (ela é superprofissional) e despachar um homem ainda não identificado.

Os advogados de elementos presos irão entrar com pedido de habeas corpus. A reportagem de A Primeira Vítima fez contatos com os dois colegas. Alho disse que eu, ou melhor, o autor das reportagens “tá pego na minha mão”. A Ju afirmou que as chances de rolar alguma coisa ficaram “praticamente impossíveis”, situação que eu já sabia.

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